TIMÓTEO, 55 ANOS


Margarida Drumond de Assis (FOTO)

“ – A história que contarei (…) se refere a fatos de um longínquo tempo. (…) –
Agora, munida de um álbum com algumas fotos um pouco amareladas, mostra as
marcas de um passado distante. – Olhem só esta foto – diz apontando um homem ainda
bem novo, em pé, apoiando-se em uma bicicleta. – (…) Foi ele quem conseguiu trazer a
primeira bicicleta, um feito que fez sucesso espetacular em toda a redondeza.
– Quem foi ele? Fale-nos a seu respeito, vó Helena.
– Quando ele veio, havia poucos moradores no lugar… tudo aqui era uma mata
só. Para se chegar a São Domingos do Prata ou à casa de vocês, lá em Marliéria, era o
maior sacrifício. Não havia estradas direito. Só os animais é que passavam pelas trilhas
(…). Trata-se de José Moreira Bowen, mas era conhecido como José Adão, melhor
dizendo, Zé Adão. Isso por causa do pai dele, dito americano, Adão Bowen (…)”.

Quero lhe falar, hoje, sobre Timóteo, Minas Gerais, cidade querida que me viu nascer,
e o faço a partir do fragmento inicial que fiz em Tempo de saudade (1996, 2. ed. 2010), Timóteo
que, neste 29 de abril, completa 55 anos de emancipação política. Afinal, como escreveu o
saudoso amigo, missionário redentorista Dom Lelis Lara, no Prefácio da 1ª edição, eu trouxe “à
tona detalhes e verdades sobre os primeiros habitantes do lugar, como viviam e sobreviviam em
terra inóspita, a fé, a religiosidade do povo, a preocupação com a educação e a arte, os
momentos de lazer, a luta pela emancipação política e os passos para a implantação do parque
siderúrgico, buscando paulatinamente o progresso e melhores condições de vida Os
personagens, como todo bom mineiro, têm seus ‘causos’ e casos para contar. É fascinante! O
leitor irá se deleitar! (…)”. Quem ama sua terra, nunca a esquece, canta-a, dia e noite, de Norte
a Sul. Assim, convido você para me acompanhar nesta leitura, no cumprimento a esta
aniversariante amada que é Timóteo, saudação que também dirijo à próspera e acolhedora
Ipatinga, cidade vizinha na mesma data emancipada.
Há apenas oito dias, eu falava sobre nossa Capital do país, desta feita destacando nos
seus 59 anos, o papel da mulher em sua construção, Brasília para onde vim com meus filhos
ainda pequenos, em busca de melhores oportunidades. E aqui me aposentei, enquanto professora
da Universidade Católica de Brasília, porém nunca deixando de ir a Timóteo onde estavam
meus pais e a maior parte da família; e, nos últimos anos, desde que partiu minha saudosa mãe,
tenho ido, tão frequentemente, que amigos consideram eu estar morando em ambas as cidades.
Amo Timóteo, e também filhos e neta aí estão, bem como muitos da família. Acompanho sua
história e fico feliz ao saber que novamente a comunidade se reunirá na Praça 29 de Abril, no
região Centro Sul, para os festejos, e o faz com parcerias, envolvendo o Ministério da Cidadania
e a Pedreira Um Valemix, levando ao público atrações do próprio município, o que,

evidentemente, ajuda no tocante às parcas finanças que imperam sobre municípios e cidadãos
brasileiros.

Já no dia 26, o jovem prefeito, Douglas Willkys, e o vice-prefeito, José Vespasiano
Casemiro, entregaram aos moradores dos bairros Timotinho e Alvorada a “Ponte Dirce
Torquetti” e a “Travessa Sr. Juquinha”; dia mesmo em que, oficialmente, se instalou o Projeto
Ajudou, na sua mais antiga Escola Municipal, a “Angelina Alves de Carvalho”, para
atendimento a cerca de 600 alunos da rede municipal de ensino. Da programação constaram
também, conforme noticiado, a 25ª Corrida Rústica de São Sebastião; entrega de quadra
poliesportiva no bairro dos Vieiras, Disto. Cachoeira do Vale, antigo Cachoeirinha, onde, aliás,
fui criada desde os seis anos, quando ali cheguei com meus pais e irmãos, vindo da fazenda São
José do Atalho, hoje bairro Petrópolis; e, na véspera do natalício da cidade, a Celebração
Eucarística presidida pelo pároco, Pe. Josimar Nunes, na Praça 29 de Abril, em ação de graças;
seguindo-se show musical com a banda católica Ministério Louvor e Adoração; e outros. A
cidade clama por melhorias e atenção sempre, e a esses fatos, os munícipes devem estar sempre
atentos, participando de reuniões na Câmara Municipal e outras do Executivo; se movimentando
em grupos no whatsapp, ;mobilizando-se por meio de sindicatos e associações. É com a
comunidade sempre atenta, apontando falhas e necessidades, que as melhorias chegarão mais
fortemente ainda.

E dentro do contexto de homenagens e de recordações da história do município, a
Cultura e a Educação, por exemplo, devem estar atentas aos registros de sua história, o que
permitirá a gerações de hoje e as do futuro, valorizar seu passado e também algo fazer, pois
cada um de nós é ator de sua própria história e da história de seu meio.

Oportunamente, então, ressalto o cuidado que sempre deve ser dado à sua Biblioteca
Pública Municipal Raquel Pacifico Drumond, celeiro de conhecimento e de oportunidades para
o leitor, tempo em que trago aponto o retorno recente àquela casa, pelo Executivo, do magnífico
monumento a Carlos Drummond de Andrade, o que tanto abrilhanta o local. E atenção
constante também deve se voltar para a Casa de Memória e Pesquisa do Legislativo de Timóteo,
inaugurada por ocasião do aniversário da cidade em 2004. Ali, o estudante e todo visitante, por
meio de livros, objetos, fotos e diversificado acervo, pode e deve, sempre, ver o patrimônio
histórico e arquitetônico do município preservado. Ali, irá se informar dos feitos na região,
desde 1800, com os índios; o ocorrido em 1808, sobre o massacre dos mesmos e a busca de
riquezas minerais; em 1831, a chegada de Francisco de Paula e Silva Santa Maria; a entrega, no
ano seguinte, da carta da primeira Sesmaria referente ao local denominado Ribeirão de Timóteo;
saberá de Timóteo distrito de Antônio Dias e Cel. Fabricano; a chegada da companhia Acesita

(hoje Aperam); a emancipação em 29 de abril de 1964 – primeiro prefeito, o Sr. José Antônio de
Araúajo, Didico; a instalação da Câmara Municipal, primeiro presidente Manuel de Assis
Bowen; e muito mais dados registrados, também em Tempo de saudade, também compondo o
relevante acervo de Timóteo, que é a Casa de Memória.

Unamo-nos, todo o tempo, Timóteo merece nosso empenho e amor. E verdade é que,
em meu chão natal, sempre busco forças para o constante caminhar, procurando honrar minhas
raízes e os ensinamentos aí recebidos.

Brasília, 28 de abril de 2019.

Margarida Drumond de Assis é professora, jornalista e escritora, filha e neta de pioneiros.
Dentre seus livros que também falam de Timóteo e região, além do romance Tempo de saudade,
estão: Não dá pra esquecer, de crônicas; Pegadas no tempo, sobre os pais; Dom Lara: vida de
amor, testemunho de caridade; e Eu já nasci padre!, este sobre Padre Abdala.
Contatos: (61) 98607-7680 margaridadrumond@gmail.com